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Da série, quando a vida muda eu escrevo. Escrevendo pra quem não lê, desde 2006. Cheguei aos quarenta e cinco, dos trinta onde comecei. Mudando o enredo, pra não seguir a rima Um copo de vinho e uma rufles meio murcha, cachorro deitado no meu pé, gata querendo dividir comigo o teclado e filha deitada no quarto . Assim é estruturada minha nova rotina familiar. Olho acima da tela, vejo flores no aparador. As comprei hoje a tarde. Olho os livros na estante, os mesmos, do decorrer da vida. Olho as plantas em cima do armário. Verdes, mas tão verdes, que me orgulho do meu trabalho. Me tornei uma exímia cuidadora de plantas. Correndo os olhos pela sala, vejo um quadro do Neruda, tão sonhado, exatamente onde imaginei E ao seu lado, Sidharta, o Buda, exatamente onde o deixei. Os ouvidos, ouvem a tv, num jornal, bem baixinho E se fizer força, lá fora, o barulho do mar. Alguns barulhos, na casa do vizinho Quase a silenciar. Em pouco tempo, troco todos os sons, pelos do teclado Em uma noite comemo
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Domingo, 22 de março, quarto dia de quarentena. Décimo dia em casa. Décimo dia desde que voltei. Muitas pessoas pensando no mundo. o que pra mim, é algo normal, pois sempre pensei, sempre tive essa consciência. Em meio a uma pandemia, eu respiro, porque a TERRA respira. Isso soa como um conforto. Hoje, meu pensamento é voltado pra minha vida. O que eu fiz até aqui. Se meus amigos pudessem me aconselhar, me falariam pra recuar. Ouço mentalmente, minha mãe, com suas poucas palavras me questionando sobre minhas decisões. Eu, como nunca fui 'todo mundo' sigo. Respirar etomologia do latim respirare respirato . ato de respirar respirare . formado por RE + spirare, 'respirar' propriamente
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E já foram tantas despedidas, e indas, e vindas e indecisões... que hoje compreendo meu apego por tudo que é meu. Como uma pessoa que tem dificuldade até mesmo pra limpar a lixeira do notebook iria se desfazer facilmente de tantas memórias? Estou com quarenta e quatro anos. Assim mesmo, escrito por extenso, porque me orgulho da minha idade. Comecei escrever entre os 16 e 18, numa época que computador não era acessível. Fiz muitos cadernos, que foram desfeitos em momentos de tristeza. Ficou a lição: se um dia me desfizer de algo, que seja em plena alegria! Hoje estou triste, fechando um ciclo. A tristeza é por não saber como fechar, ou pelo apego que esse ciclo, enorme, por sinal, me trouxe. Desfiz meu altar e fiz minha mala. E aqui vou eu pra onde tudo começou, interna e externamente. E aqui estou de novo! De novo? É... alguns hábitos não mudam. Sou uma pessoa que erra muito e hoje entendo o ditado DE BOA INTENÇÃO, O INFERNO ESTÁ CHEIO. Estou fazendo as pazes com meus erros, tô
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É amanhã meu grande reencontro. Já passei por várias fases e pensamentos, desde que aceitei participar desse retiro. Tive medo do silêncio, da minha má postura, da minha má alimentação... Passei pelo medo de deixar minha vida aqui fora, casa, trabalho, filha, marido, cachorra e gata. Vou deixar celular, agenda, coisas pessoais... Tive dor de barriga, dor de dente, tive surto de organização, mas hoje estou tranquila. Estou aceitando o presente. Serão 10 intensos dias. 12 horas diárias de meditação 15 horas de jejum 240 horas em silêncio Estou feliz por ter buscado isso, e hoje consigo enxergar que é coisa antiga... que projetei esse dia ao longo dos anos. Falta 1 dia.
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Sonhos recorrentes. Noite mal dormida. Selo as pazes com minha ansiedade. Acordo, aperto sua mão e agradeço. Muito obrigada, passe mais tarde. Mais tarde, talvez, possamos tomar uma xícara de chá de cidreira, e aí eu te explico que não é a hora que você quer. Faltam 5 dias.
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Desde que nos conhecemos, não passamos mais que dois, talvez três dias sem nos falar. Antes do primeiro encontro, lia suas palavras imaginando seu tom de voz. Quinze anos se passaram e sua voz é como tatuagem em minha pele. Serão dez dias sem te ouvir. Sem falar com você. Sem falar pra você. Talvez eu ouça sua voz, talvez recorde suas palavras. Faltam 6 dias.
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Uma menina queria muito uma boneca. Desejou, pediu, resmungou, espalhou aos quatro ventos seu desejo. Ela chegou em um dia sem motivo, veio em forma de presente, e a menina descobriu, num ímpeto susto, que a boneca não cabia em seus braços. O que fazer com essa boneca tão grande e desajeitada? Brincar, oras. Brincar por partes, separar, esmiuçar, organizar, espalhar e juntar. Pode-se começar pelos sapatos ou a trançar seu cabelo. Tirar e vestir as roupas, numa cumplicidade de amigas, fazendo assim as pazes com o brinquedo maior que o esperado. E ao longo de alguns dias, viram-se feitas uma para a outra. Ter nos braços aquilo que acredita não caber. Hoje me sinto assim. Recebi o tão esperado email do curso de meditação vipassana. Serão 10 dias em silêncio. Nobre silêncio, segundo eles. Absoluto silêncio, segundo os leigos. Ensurdecedor silêncio, segundo os inquietos. Absurdo silêncio, segundo os oradores. Enlouquecedor silêncio, segundo os pessimista
Tenho visto muitas pessoas pedindo menos morte às mulheres. Menos espancamentos, agressões, crueldades. Acho perfeito. Acho lindo tudo isso, de verdade. Mas vocês já perceberam que a morte de uma mulher não se dá só dessa forma? Não é só o marido ou namorado machista que pede pra trocar a saia curta. É o cara que aceita qualquer tipo de roupa, mas que a constrange na frente dos amigos ou familiares. É o cara que a interrompe a cada frase, ou que faz questão de não rir de suas piadas. É o cara que não trai, mas que conta em casa dos amigos que fazem suas companheiras de boba, pra deixar a mulher esperta. É aquele cara que fala o tempo todo que quem não dá assistência, perde pra concorrência. É o cara que só lava a louça pra fazer média, ou pra conseguir com mais facilidade uma noite bacana. O cara que tem uma personalidade na rua, ou nas redes sociais, e outra completamente diferente dentro de casa. O cara que só percebe aquilo que faz falta, que não tem tempo pra nada que não
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E se eu pudesse dar um conselho, seria esse Simples e complexo Fácil e difícil Involuntário e necessário. Respirar fundo cura Evita Equilibra. Não sei se sento pra recordar ou que passou ou se me apego nos momentos que parei pra respirar. Passou Anda passando, afinal, a vida segue Segue o barco e o fluxo Seguem pulmão e diafragma Subindo e descendo, inflando e esvaziando Paralelo à vida. A pontuação é a respiração da frase, já dizia um famoso alguém A respiração transcende É translúcida e Passa pelo tempo Ela salva, pra quem nela crê. Ela se faz haikai Respira                            Entre a boca e o pulmão                    Cabe um universo.
Então estou aqui. Bato os sapatos pra não trazer a poeira dos últimos acontecimentos e pra tentar resgatar alguma coisa,  sem saber exatamente o que de alguns anos atrás. A Fabiana de 2016,  quase 17,  volta pra dizer que a blogosfera não é mais a mesma. E também pra dizer que a palavra blogosfera caiu em desuso. Ela vem,  como alguém que vem do futuro, dar notícias do passado. Deu tudo certo. Do jeito errado.  Mas certo. Ela ainda sabe escrever em terceira pessoa e continua não se importando se alguém vai ler. Ela sempre associou imagens às palavras. Mas as palavras,  são presentes pro futuro,  e as imagens,  somente um agrado pros olhos Presente pro o futuro... Irônico, não? Não. Esse post não tem imagem, os olhos estão fechados. Então segue o baile, em braile Como a Valsa,  de Casimiro de Abreu. Não negues Não mintas Eu vi Hoje, o dia não terminou como o planejado. São mais de 3 da manhã,  queria eu não dormir pra que ele terminasse só amanhã. Mas o tempo, depo